terça-feira, 16 de março de 2010

Somos limitados

Perante nossos limites...

Quando o cansaço físico fecha as portas para as nossas mais vitais possibilidades;
ou quando o esgotamento mental bloqueia as nossas boas e melhores tendências pessoais, sociais e culturais;
ou quando a fadiga espiritual torna impossível a nossa busca por superação individual e coletiva,
aí então entramos em choque com os limites da nossa natureza, fazendo dolorosas as nossas tentativas por ultrapassar as fronteiras da razão e do coração, e transcender as margens do pensamento que cria, do conhecimento produzido e do discernimento que faz a diferença entre as coisas.
Ora, nos deparamos com os nossos limites humanos e naturais.
Esses limites muitas vezes transformam-se em dores do corpo, da mente e do espírito.
São os limites responsáveis pela nossa omissão na família e no trabalho, que geram a metamorfose interior com conseqüências externas onde nos encontramos à beira da falência intelectual, da irracionalidade carente de ótimas idéias, e da irrealidade que favorece a fértil imaginação da mente em prejuízo da real necessidade de controle interno e domínio de si mesmo.
Nesse momento, o equilíbrio é o limite das nossas loucuras doentias e das nossas demências inconscientes.
Chegamos ao bom-senso racional que diz então que devemos parar a nossa caminhada criadora e construtora de novas e diferentes oportunidades de crescimento moral, de progresso ideológico e psicológico, de evolução do saber e do querer, desenvolvendo assim não mais a abertura a outras vias de produção real e racional, para assumir depois a consciência de nossas dificuldades naturais, de nossas impossibilidades orgânicas e funcionais, de nossas inviabilidades concretas, cheias de obstáculos ao nosso indispensável modo de emergência ambiental, dentro e fora de nós.
Atingimos em nós e a nossa volta a era do limite, em que sofremos com as nossas próprias impossibilidades de crescimento real tendo em vista que a nossa realidade agora é feita de impotências materiais e dificuldades espirituais, de insatisfações vocacionais e irrealizações profissionais, de ausência de criatividade inovadora da novidade diferenciadora e da diferença plena de detalhes singulares, onde as pequenas coisas nos possibilitam algumas ações equilibradas, superando os medos e os fracassos da fronteira da natureza.
Diante de nossos limites, buscamos superar as dores naturais e assumir o compromisso responsável com as nossas carências afetivas, as nossas ausências junto aos amigos, as nossas faltas dentro e fora da família, as nossas incongruências no trabalho, e a impossibilidade lógica de abraçar uma vida mais razoável, geradora de possibilidades de construção de bons frutos de bondade e concórdia, otimismo e alegria, equilíbrio e bom-senso, sinais do nosso progresso interior e de nossa evolução enquanto seres humanos carregados de fecundas chances de sobreviver às nossas quedas e abismos mentais e emocionais, físicos e espirituais.
São os limites de nossa natureza criadora, que sempre busca construir novos instantes de liberdade, causa da verdadeira felicidade.
Justamente nessa hora, em que a liberdade se esconde de nós mesmos, a infelicidade e a tristeza aparecem nos fazendo visualizar a negatividade dos seres e das coisas, e o pessimismo de uma mentalidade aparentemente ignorante e acultural, pois assim nos vemos impotentes em meio às doenças, dificuldades e instabilidades internas e externas que configuram o nosso ser pensante, discernente e cognoscente, ativo e interventor da realidade que nos cerca momentaneamente.
Então, o mundo se fecha para nós.
Todos se afastam de nossa presença.
Perdemos amigos.
Acontecem conflitos familiares.
No trabalho, dificuldades de relacionamento e controvérsias com o patrão e demais funcionários.
Tudo parece se voltar contra nós.
Vivemos a contradição interior e a impossibilidade externa.
Ora, tudo se confunde, complicam-se as nossas atitudes antes sensatas, e o universo parece conspirar contra nós.
Estamos pois no limite de nossas possibilidades.

Nenhum comentário:

Postar um comentário