Intervalo
Entre a Luz e as Trevas
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A Realidade humana de hoje, aqui e agora, muitas vezes pode deixar de ser real e constituir-se em Templo do Imaginário, assumir compromissos com a irrealidade da consciência e com a irracionalidade da experiência. Nesse Intervalo, entre o real e o racional, entre a luz e as trevas, entre o bem e o mal, entre a paz e a guerra, entre a verdade e a mentira, entre o sonho e a realidade, entre o chão e o teto, entre as portas e as janelas, acontece o nosso cotidiano, o processo da vida, a formação das nossas idéias e conhecimentos, a manifestação dos nossos sentimentos mais profundos e transparentes, o reflexo de nossa mente aparentemente patológica mas que na verdade procura mostrar-se autêntica, identificada com a possibilidade da sua liberdade, produtora de felicidade. Tal processo de criação da vida de cada momento e de todo instante encontra raizes no confronto dialético entre o real e o imaginário, o cotidiano e a nossa estrutura psicológica, viabilizador das idéias que se produzem para o bem ou para o mal, das práticas humanas e seus comportamentos éticos e espirituais, de suas atividades científicas e tecnológicas, de suas ações artísticas e filosóficas, de suas experiências morais e religiosas, de suas atitudes temporais e históricas, políticas e econômicas, sociais e culturais e ambientais. Assim se produz a vida. Através desse intercâmbio paradoxal entre consciência e realidade, sua interatividade ora romântica ou sentimental ora ideal ou reflexiva ora concreta e experiencial. É a dialética da realidade cotidiana. Esse Intervalo onde ocorrem nossos trabalhos de cada hora, nossos conflitos de família, nossas ausências no convívio com as pessoas, nossas dificuldades de bom relacionamento, enfim, os nossos problemas de mente, de corpo e de espírito. Sim, porque a vida é o Intervalo, o movimento de viver, o processo de existir. Com essa mobilidade frequente, faz-se a história de cada instante, o tempo se produz caminhando sempre para a frente e para o alto, de modo progressivo, evoluindo a todo passo, crescendo de acordo com os minutos e segundos que transcorrem, se desenvolvendo para o bem-estar de toda a humanidade, de suas comunidades, grupos e indivíduos locais, regionais e globais. De fato, esse Intervalo em que se verifica a complexidade da vida e o fluxo da história, é a constituição da superação de si mesmo, da ultrapassagem constante de preconceitos e superstições e da transcendência também do tempo para enfim mergulhar no ambiente da eternidade, da vida após a morte, onde se continua para sempre o movimento dos seres e das coisas em direção do Infinito, que é Deus. Deus é o Motor desse processo. Somos consequência disso. Somos efeitos de sua intervenção na história das nossas consciências e das experiências da nossa realidade urbana e rural, psicológica e social, imanente e transcendental. Somos Intervalo.
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